No âmbito da organização ofensiva de um modelo de jogo
que preconize uma construção de jogo mais elaborada, a largura e a profundidade
são dos dois aspetos imprescindíveis, visando a criação do tal “campo grande”, tendo em vista existência de mais espaço/tempo para o desenvolvimento das ações
ofensivas e ao mesmo tempo dificultar a ação dos defensores.
No caso da largura, à primeira vista a sua concretização
é mais ou menos linear de acordo com o dispositivo tático adotado. No 1x4x3x3 e
respetivas variantes, os defesas laterais e os atacantes laterais, ao ocuparem a
sua posição asseguram-na. Por outro lado, no 1x4x4x2 em losango, a sua
concretização já não é tão linear, o que nos remete para a insignificância da posição quando despidas das missões
táticas estabelecidas no modelo de jogo e implementadas em jogo pelo jogador da
posição, em interação com os colegas.
A largura no processo ofensivo ao ser tão óbvia, pela
posição dos jogadores no dispositivo/sistema tático, leva a que muitas vezes a
sua presença no processo ofensivo seja inócua, em que face à rudeza das missões
táticas, a par da largura apenas se verifica o surgimento da profundidade nos
corredores laterais ou em casos ainda mais graves, em que pura e simplesmente
não há profundidade processo ofensivo. A largura é apenas uma face da moeda,
sem a outra a face não tem qualquer valor.
A Juventus,
com apenas dois jogadores, um em cada faixa, é um claro exemplo de uma equipa,
que procura dar largura ao seu jogo para que possa ter mais espaço/tempo no
corredor central, valorizando o jogo interior e assegurando um vocabulário
ofensivo mais alargado e consequentemente mais argumentos para que chegar à
baliza/golo.
Esta realidade conduz à pobreza do processo ofensivo e
a sua ineficácia, dado que na melhor da hipóteses chegando à linha de fundo é
imperativo cruzar, porque é no corredor central que está a baliza, o alvo a
atingir no jogo. Digamos, que o ataque desenvolve-se no sentido da baliza mas
não na sua direção.
Com isto não se quer dizer que o ataque pelos
corredores laterais não seja uma das possibilidades para chegar à baliza/ao
golo. Ao assegurar largura no seu processo ofensivo, a equipa deve encarar essa
opção não como o único caminho, mas como uma forma para assegurar outro
itenerário para a baliza. Ou seja, o corredor central por via do jogo interior.
Para que o jogo interior aconteça, os apoios frontais,
as desmarcações diagonais, o toque curto, a receção, com a técnica e a tática a
serem um só ser, são instrumentos, condições indispensáveis para seja possível
desenvolver o processo ofensivo por esse caminho.
Estabelecendo um paralelismo entre a atual reflexão e a beleza humana, podemos afirmar que as equipas que só tem largura e profundidade nos corredores laterais, suportada em muitos casos pelo 1x1, apenas tem beleza externa, sendo as equipas ocas e vazias, tal como muitas pessoas, já que é beleza interior que nos acompanha ao longo da vida e o que faz salientar a beleza exterior….Efetivamente quando a bola é redonda por dentro e por fora, o jogo é mais bonito
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