A velocidade enquanto
dimensão física deriva da relação metros por segundo, ou seja espaço/tempo. A falta
dela é muitas vezes apontada como causa para os problemas que surgem durante o
jogo e/ou a explicação para incapacidade de os resolver, para a ausência de
soluções.
Se analisarmos uma das ações individuais
mais apreciadas, a finta, podemos constatar que mais do que da velocidade, ela
está dependente da mudança. De direção e de velocidade. No caso desta última, mudança
implica acelerar ou travar. A combinação de ambas é habitualmente mortífera.
Sobre a temática Kant, nas exposições metafísicas do espaço e do tempo, defende o caráter
a priori e intuitivo destas representações, argumentando que o espaço e tempo
não são conceitos, mas sim intuições puras. Para isso, pressupõe a distinção
entre a natureza de um conceito e de uma intuição. Um conceito é uma
representação geral que contém sob si as notas comuns de diferentes objetos
individuais, uma intuição, por sua vez, é uma representação singular de um
objeto individual.
Pirlo, uma das figuras da época, pelo
que fez no Euro, mas principalmente pelo que fez na Juventus ao longo de 11/12,
é um claro exemplo desta perspetiva. Longe de ser um
atleta, não possui a capacidade para percorrer muitos metros em poucos
segundos, é acima de tudo futebolista.
Quem também encaixa nesta dimensão é
Miguel Veloso. São indivíduos, com uma velocidade singular, própria, capacidade
que lhes permite ver coisas que acontecem tão depressa que só eles as veem, transformando
essa visão numa ação que não acontece depressa mas na velocidade máxima
necessária. No timing desejado pela cooperação com os colegas e indesejado pela
oposição dos adversários.
Na antevisão do jogo com a R. Checa,
Paulo Bento, salientou a necessidade da equipa jogar com velocidade sem jogar à pressa.
É esta velocidade, sem pressa, que
confere “rapidade” ao jogo. Permite a sobrevivência, a utilidade do jogador e a
existência da equipa, tal como Kant afirma: “Só se pode perceber como existente o que tem existência, e ter
existência é estar inseparavelmente no espaço e no tempo.”
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