A
disposição dos jogadores por cada um dos setores da equipa no terreno de jogo
apresenta-se como um elemento de análise duma equipa, mas está muito
longe de ser “O” elemento de análise, apesar de ainda ser visto por muitos como o ponto
fulcral da eficiência e de rendimento da equipa, subvalorizando outros aspetos
tão ou mais importantes como os métodos de jogo ou os princípios de jogo e a
inerente distribuição de um conjunto de tarefas e missões táticas.
Logo
que a bola entra em movimento, partindo da disposição inicial dos jogadores,
realizam-se movimentos compensatórios, por forma a dar respostas as situações
táticas, possibilitar a consecução dos objetivos da equipa
e responder às exigências do jogo, em que a ocupação do espaço a cada instante é adotada
consoante a situação momentânea de jogo, o que implica que a equipa possua
mecanismos de auto-organização, de forma a que possa dar respostas efetivas aos problemas que lehe são colocados ou que quer criar, o que demonstra que a disposição
inicial não é estanque face à modificação situacional do jogo.
Daqui
incorre que o sistema, o dispositivo tático, é algo mais que uma
estrutura rígida, dado que é detentor de flexibilidade, que se concretiza através
da concertação entre as diferentes missões táticas específicas de cada jogador, procurando que
o potencial operacional de cada um se interrelacione e se complemente
criando-se uma força integradora, que impulsione a
funcionalidade da equipa para um patamar superior, não restringindo a iniciativa de cada um e a sua
capacidade individual, promovendo a sua participação no jogo de forma criativa,
em absoluto respeito pelos princípios de jogo da equipa, pelo seu modelo de jogo.
Para
que a flexibilidade do sistema de jogo, não ponha em causa o equilíbrio da
equipa e garanta o seu funcionamento num ambiente de estabilidade dinâmica, a
inteligência, individual e coletiva, assume um papel decisivo, em que todos os
jogadores da equipa num dado momento e face ao problema colocado pelo
adversário, estejam de acordo na solução criada, assumindo cada um seu
papel na superação do problema.
Neste Europeu, a Espanha é o melhor exemplo do aqui exposto, apresentando-se inclusivé sem uma referencia na posição 9, com a Fabregas, Silva e Iniesta a passarrem por essa zona, com variabilidade posicional no três da frente ou com a equipa assumir uma disposição diferente (1:4:4.2), com o posicionamento menos subido do jogador que se encontra na posição central do setor ofensivo. O golo frente á Croácia é um exemplo dessa flexibilidade, inteligência de jogo.
A Itália procurou também trazer essas características para o seu jogo. Apoiou-se no campeão italiano, colocou De Rossi no meio da defesa a 3 e com a sua subida, ainda que pontual, para o meio campo, transforma o 1:3:5:2 num 1:4:4:2, em losangulo....
Ambas com uma bola redonda, embora a da Espanha seja mesmo redonda...
Sem comentários:
Enviar um comentário